terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Notícia

Um descalço. Outros dois calçados. Um, a fuça do outro.

E vinha bufando, narinas fervendo. Soprando tão forte, que os fios do bigode espalhavam no rosto e se dividiam a cada tufão. Este é o mais velho, foi o último a chegar com a notícia entalada.

Os outros dois, imberbes, tinham escutado a respiração de longe. O irmão cansado, camisa encharcada, pernas tremendo, coçando um sangue que não costumava mais circular naquela velocidade.

Sol na moleira! Ar de secar garganta. Tentou respirar só pelo nariz. Botou na cabeça que quando abrisse a boca falaria de vez.

De longe via os dois irmãos, bem pequenos. E quando a angústia dava um nó no estômago ele apressava mais o passo. Olhava para o campo de futebol de areia quase vermelha. Pensou ter visto uma cachorra cruzando o jogo, atrapalhando a bola. Abriu a boca sem voz. Trouxe o ar empoeirado de uma vez pra garganta. As pedrinhas caíram pela traquéia e ecoaram nas paredes do pulmão.

Os irmãos notaram como estava vazio de força. Pernas bambas. Vinha chegando de olhos baixos.

Por um acaso os dois estavam ali juntos. O do meio veio falar com o mais novo, que sabia onde Dorinha estava. Mas antes de qualquer resposta, emudeceram olhando o mais velho vir correndo daquele jeito.

Dorinha não aguentou, ele disse, sem fôlego. E ninguém falou nada. O mais novo catou alguma coisa que pudesse dizer, sem que a fala o derrubasse em lágrimas. Ensaiou ''quan...'', no que o mais velho respondeu seis. O mais novo sorriu. Ela deu seis filhotes.

E como são? Perguntou o do meio.

Todos engraçadinhos.