Perguntava, fazer o que mais tarde. Não sabia responder. Sabia o que iria fazer de noite, mas não se pergunta algo desse tipo. Não é normal.
As outras sentavam caladas e, como em um elevador, falavam sobre o clima, sobre as horas... Ela não. Me vinha com essa o que fará mais tarde, ora.
Não lembro exatamente como falava. O que vai fazer... Não, era algo mais intimo, tu vai.. não sei. Sei que me olhava com aqueles dois dobermans pretos desprendidos do seu rosto.
E-eu vou para casa, ver o jornal. Ela abaixava, tirando a roupa, tentava fisgar um assunto. Tens visto a novela? Desculpa, não vejo novela.
Quando calada, incomodava bastante. Tinha que botar sempre batom? Não tinha cuidado com a roupa, deixava-a amassada, no chão mesmo. Mas era impecável com a maquilagem.
Calcinha semitransparente. Não que importasse...
Calcinha semitransparente. Não que importasse...
- A senhora devia pendurar isso tudo no cabide...
- E a crise internacional, uma coisa, não?
- É, uma coisa... quer que eu pendure para você?
Ela mesma ia, delicada; e largava tudo de qualquer jeito em cima da mesa. Ainda voltava sorrindo. Nua. Já não conseguia mais enxergar aquele rosto. Fazia questão de esquecer a cor do cabelo loiro, do batom vermelho... De ferro e bronze o tem das onze voltará... a música tocava na minha cabeça e ela falava suas besteiras. Ao final de tudo, já vestida, não aguentei. Tive que mentir:
Ela mesma ia, delicada; e largava tudo de qualquer jeito em cima da mesa. Ainda voltava sorrindo. Nua. Já não conseguia mais enxergar aquele rosto. Fazia questão de esquecer a cor do cabelo loiro, do batom vermelho... De ferro e bronze o tem das onze voltará... a música tocava na minha cabeça e ela falava suas besteiras. Ao final de tudo, já vestida, não aguentei. Tive que mentir:
- Hoje a noite, lembrei, vou sair com uma amiga.
- É? Que bom.
- Sim, tem mais: você tem uma buce... uma saúde de ferro, NÃO VOLTE MAIS AQUI! Desculpa, não precisa mais voltar por um tempo.
- Ok, muito obrigada, doutor.
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