No canto da sala
deixei o meu violão.
Preso por sete correntes,
deitado e rendido,
o braço atado a ferro fundido
e estaca cravada no chão
Mas é preciso cuidado,
deve-se muita atenção…
São…
Sete cordas vibrantes
serpentes sorrindo
seus dentes
brilhando um veneno
com a boca aberta,
seu buraco negro,
seu bafo que sopra
um eco mortal
No aço cravado no braço
te quebra o compasso.
E se o timbre te toca
te torce o pescoço
trincando as tarraxas,
tinindo os agudos,
cuidado, perigo,
Sssshhhhh!
Te deita no chão!
Os trastes luzentes são garras
O corpo tremendo
já quebra as correntes
e os cadeados
Cuidado! Cuidado!
Perigo!
Pule a janela,
procure um abrigo,
lá vem ele solto,
enfurecido,
é fera, quimera,
um anjo perdido
berrando em bemol!