sexta-feira, 13 de maio de 2011

Os reis


tantos carros correm
contra o senso de quem dorme
pelo chão

e é assustado a cada
freio, sirene, buzina ou caminhão

quantos matam, morrem,
fedem, ferem, fogem,
cheiram, fumam, cospem,
queimam, pedem, calam,
falam, fodem, correm e...

e, acima de tudo,
por cima de todos,
se amam.

e beijam as
estátuas de bronze
que ameaçam o horizonte
com espadas e bigodes
de alguém que já foi rei!

e nobres
lambem o queixo de dom pedro
generais, santos, sargentos,
beijam a testa de são bento
e Pedro Alvares Cabral!

mas nunca saem no jornal,
na coluna social,
e retornam ao seus trapos,
cobertores aos farrapos
e colchão de papelão.

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Versão musicada por Maurício Oliveira: