O mar,
jogando suas ondas na parede
na porta de entrada.
Molhando o tapete de boas-vindas.
As ondas vindo,
depois voltando...
Com toda areia que o mar carrega e deixa.
Tudo aquilo que o mar leva...
E o tapete que bóia em águas profundas
talvez nunca mais volte.
"Bem-vindo".
Dentro da casa,
o menino sonha com coisas batendo à porta.
É o mar e ele nem sabe.
Todo o oceano ruge na sua frente.
Vem da África, de Portugal.
O Atlântico esmurra a entrada.
Mas ele acha que são monstros
apenas.
A baba dos monstros já molha a barra do lençol de Superman.
E sente medo.
Se cobre mais.
E sente frio.
(poesia tirada do meu livro "Lá no alto a pipa vermelha tentava empinar o menino no chão", 2010)