sábado, 8 de setembro de 2012

Festa



Papai tem uma fazenda, num fim de mundo. Sequidão e calor dos infernos! Um nada pra fazer gostoso, um sem compromisso, sem barulho, cheiro de terra, cheia de bicho...

Não perdi nada lá! (Mamãe urrava).

Foi quando papai comprou um balão. Cabiam quatro pessoas, no máximo, estourando. E esse negócio estoura? Nossa família, contando comigo, dá seis.

E ainda nem cabe todo mundo! (Mamãe rangia)

Alguém precisa ficar em baixo para fotografar, papai falou. Mamãe não sabe fotografar coisa nenhuma e disse também morrer de medo de altura, que ideia!

Uma coisa, porém, ela se animou. Posso, é? E foi acender o bicho, posso mesmo, né? O balão fez que foi e não foi. Fez que foi e não foi.

Da ponta do isqueiro, uma brasinha pulou solta, bateu em um galho seco, passou perto da rã, que pulou empurrando a pedrinha de calor... A brasa rolou até parar na lona vermelha, quase cheia.

Tá queimando, tá queimando! Queimou! Espalhou fogo na caatinga, matou cinco vacas, abriu uma clareira. Acabou-se balão. Acabou foi tudo... Papai furioso, apagando o incêndio com lágrimas de raiva. Uma sequidão e calor, pior que os infernos.

Churrasco para todo mundo! (Mamãe sorria)

E foi uma grande festa na fazenda.

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*para a baloneta.